02 março, 2006

Vinhos e Jazz

Estou eu em um cabaré, sentindo a música fluir em meus ouvidos, pensando no que fazer da vida, tomando um vinho barato, fumando um marlboro lights. Acompanhada de amigos na mesma situação, muitos feitos ali na hora, sem pretensão de que aconteça algo de muito interessante.
A vida é feita de incertezas e ali, mais do que nunca, a incerteza paira no ar. Será que o garçom se lembrará de me trazer mais uma garrafa daquele vinho que eu lhe pedi? E a batata frita, onde está? Hum, se eu for ao banheiro agora, haverá fila? Não, nunca há filas neste lugar, sempre tão vazio, tão solitário, mas, ao mesmo tempo tão aconchegador.
O cara que está tocando o blues, tão triste, parece não se importar com a insignificante platéia que não se manifesta a cada pausa para uma nova música, ele toca como se estivesse sozinho, ali tão confiante do que faz, mas sem sequer olhar para o público, que, aliás, é um público fiel. Não demonstram gostar, nem desgostar, mas estão sempre ali a mercê daquela música que toca no fundo da alma.
Há o barman, sempre procurando o que fazer e ouvindo conversas atravessadas de alguém que por engano adentra ao local achando ser um simples bar onde poderá encher a cara. Mas esse alguém que passa por ali está enganado, aquilo é muito mais que um simples bar, é a segunda casa (senão for a primeira) de muita gente. Gente sem pai, nem mãe, sem ocupações prestigiosas, sem uma família para sustentar, jovens estudantes, sonhadores, gente que assim como eu, ainda procura um sentido para viver.
Há quem não agüente, há quem ache que aquilo tudo não é certo, há também aqueles que tentam animar o ambiente, pedem para tocar algo diferente, um rock quem sabe, mas essas pessoas acabam sucumbindo à falta de emoção nos rostos daqueles que estão ali, desistem e deixam o cabaré com algo que vão carregar para o resto de suas medíocres vidas. A alma de uma pessoa verdadeira, que se deixa levar por uma simples nota de blues, um simples olhar ríspido de quem está ali naquele ambiente tão fechado, mas tão aberto a novas vidas pra engolir.Mas não tente mudar o ambiente, deixe que o ambiente mude você. O jazz, o blues, a bossa nova, músicas que são feitas por quem um dia já esteve sentado nas acolhedoras cadeiras e mesas desse cabaré que é a vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

bzzzzzzzzzzzz
salgado?
doce?
comida?
banquete?
se nã otiver cebola,
"chama eu angélica"

hahaha