27 maio, 2007

A menina e o banco


Sentada no banco da praça a menina com seus ouvidos ocupados por uma música qualquer observa e é observada. Enquanto muitos estão correndo, fugindo, buscando, ela está e só. Aproveitando o dia frio e ensolarado que tanto gosta. Vê o tempo passar e ela passar pela vida como em um filme sem graça de sessão da tarde. Daqui a pouco chega o intervalo e as pessoas continuam passando, e ela que a cada minuto, a cada música tocada se faz sentir novas sensações, pensa em tudo e em nada.
Pessoas anônimas, sem rosto como ela o é. Cada um tem sua história, cada um possui energias para transmitir. As pombas que ela odeia fazem parte do quadro que é formado como um borrão de cores e uma mistura de sons, cheiros, sabores.
Há o mendigo, o estudante, os que só querem voltar para casa e esquecer que a vida castiga, que a vida só faz maltratar. Um doce, um cd falsificado, artesanatos, óculos escuros. A vontade de continuar ali, naquele banco no meio da cidade, é grande mas ao mesmo tempo assusta. Não há certezas nisso, muito menos na vida.O banco que era iluminado pelo sol já não é mais, quem era mendigo não mais existe e ela continua ali, parada no meio da ventania.

05 maio, 2007

pois é, esse negócio de falar que eu sou carente já deu por hoje, só escrevo isso nesse blog, há!
É, acho que não consigo escrever sobre as coisas boas que me acontecem, como a viagem pra ilha do mel, como conhecer gente nova me fez bem, como entrar em contato com a natureza realmente fez diferença. Como eu mudei (ou não) depois de ver que a vida é mais que passar no vestibular, mas que isso também é importante. Não sei mais o que quero da vida, entrar na UEL, beleza, mas ainda não vejo o sentido nisso tudo e vou vivendo um dia de cada vez, aproveitando o máximo que eu posso, dentro de certos limites.

Moléculas

Antes do Pôr do Sol (Before Sunset - 2004)
Jesse: I feel like if someone were to touch me, I'd dissolve into molecules. (Eu me sinto como se alguém me tocasse, sabe, eu me dissolveria em moléculas.)

E é assim como o Jesse que eu me sinto. Mas eu sinto falta de clichês que nunca tive, de assistir um filme abraçada com alguém debaixo do cobertor comendo pipoca e tomando chocolate quente, de deitar no gramado em um dia de verão e olhar as estrelas, de dormir de conchinha, de ir ao cinema só eu e ele, de me sentir protegida por umas costas mais largas que as minhas...
Carente, pois é, acho que é essa minha natureza.