05 outubro, 2008

O dia em que anulei meu voto


Caminhando, despertava os olhares de quem passava por mim. Os cabelos, sempre os cabelos. Não demorou muito, os fones me isolando do mundo, ouvindo só o que queria. Cheguei, mais olhares, a cabeça estava pesada, cansada, pensando no que iria fazer mesmo quando chegasse naquela pequena sala em que se encontraria umas duas ou três pessoas e uma máquina aguardando para que eu digitasse um número válido, qualquer coisa que começasse com 13, 45, 50, 69, sei lá. Apareceria uma foto do candidato, sorrindo com aquela cara de político. A sujeira na rua me incomodou, pensei "não vou votar em cadidato que eu ver santinho jogado por aí". Fato: vi um de cada candidato, faltaram um ou dois, mas que não ganhariam meu voto de qualquer forma. Vereador, hein? quem? bosta, não sei o número de nenhum candidato. Pensei em tirar na sorte e votar no primeiro número de vereador que me aparecesse, mas não, menos digno ainda.
Anulei meu voto. Não, eu não tenho sentimentos anarquistas, não espero mudanças através desse meu ato, uma revolução, foi pura e simplesmente porque não tinha a mínima noção em quem votar.
Mas mesmo assim, quando saí da sala de votação, um sorriso quase involuntário surgiu em meu rosto, coloquei os fones de volta e me coloquei a caminhar de volta para casa.



alienação, burrice, ato idiota, falta de engajamento político, burrice, cegueira.... tanto faz, talvez seja tudo isso mesmo...

Um comentário:

J.Anne KuntzT. disse...

e eu que sempre anulo devido a resquícios-anarquistas-da-juventude,votei pela primeira vez em um candidato válido. medo do "tio bila" hehehe. e o blog tá cada vez melhor, moça!

=*