
Sentada no banco da praça a menina com seus ouvidos ocupados por uma música qualquer observa e é observada. Enquanto muitos estão correndo, fugindo, buscando, ela está e só. Aproveitando o dia frio e ensolarado que tanto gosta. Vê o tempo passar e ela passar pela vida como em um filme sem graça de sessão da tarde. Daqui a pouco chega o intervalo e as pessoas continuam passando, e ela que a cada minuto, a cada música tocada se faz sentir novas sensações, pensa em tudo e em nada.
Pessoas anônimas, sem rosto como ela o é. Cada um tem sua história, cada um possui energias para transmitir. As pombas que ela odeia fazem parte do quadro que é formado como um borrão de cores e uma mistura de sons, cheiros, sabores.
Há o mendigo, o estudante, os que só querem voltar para casa e esquecer que a vida castiga, que a vida só faz maltratar. Um doce, um cd falsificado, artesanatos, óculos escuros. A vontade de continuar ali, naquele banco no meio da cidade, é grande mas ao mesmo tempo assusta. Não há certezas nisso, muito menos na vida.O banco que era iluminado pelo sol já não é mais, quem era mendigo não mais existe e ela continua ali, parada no meio da ventania.